Chega nessa quinta-feira (dia 08) nos cinemas o novo filme do aclamado diretor Alex Garland, responsável por Aniquilação e Ex_Machina, Men – Faces do Medo. Uma das obras mais aguardadas do ano, o longa se destacou desde o principio pela sua proposta de usar o cotidiano de agressões machistas para contar uma história de terror, e apesar de cativar o espectador rápido no começo, ele logo perde força e se torna apenas mediano.
No filme acompanhamos Harper, que após um evento traumático decide alugar uma casa no campo para se curar dessa experiência. Mas em um ambiente dominado por homens ela logo percebe que talvez seu momento de descanso pode ser mais difícil do que ela imaginava e que ela pode estar correndo algum perigo que vêm da floresta.
Desde o início ficamos apreensivos pela protagonista, mesmo que no começo não fique claro o que aconteceu para que ela decidisse fazer esse retiro, vemos como esse momento é importante para ela, e junto com a atuação da incrível Jessie Buckley, temos uma personagem que consegue demonstrar muito bem todos os medos e pensamentos femininos que acontecem em casos de machismo.
O filme faz um trabalho excelente em mostrar como até mesmo falas e comentários simples podem vir carregados de misoginia. Mostrando como não são apenas as agressões físicas ou mais evidentes (que também estão presentes na história) que causam desconforto ou levantam sinais de alerta.

Vemos diversos tipos masculinos em tela para passar a mensagem do filme, indo desde o famoso “desconhecido” que habita o imaginário coletivo quando falamos em agressões, até homens que abusam do seu poder. Isso faz que o universo da história represente bem a realidade, e todas as situação que vemos em cena são tão comuns que é impossível não se identificar com elas.
Mas infelizmente o filme perde força rápido. Não apenas porque ele para nessa primeira camada de crítica, mas também porque ele não parece interessado em realmente discutir como e porquê esses comportamentos surgem e são aceitos na sociedade.
Se o filme fosse mais curto isso não seria um problema, mas com suas 1h e 40 minutos todo o encantamento e imersão que temos com o ótimo começo se perde, e a repetição sem fim da mesma crítica torna o final arrastado e cansativo.
Já que temos uma sequência que se estende por cerca de 30 minutos tão expositivos, vazios e repetitivos que o diretor parece duvidar da capacidade que temos de entender sua mensagem.

Além disso até sua protagonista perde força conforme a história avança, com sua construção sendo totalmente baseada nos traumas e abusos que sofreu por parte dos homens ao seu redor. A única coisa que sabemos sobre ela que vai além da sinopse é a existência de uma amiga, que também tem pouca importância no roteiro.
Fica subentendido que ela trabalha, mas nunca sabemos com o que. Nem seus sonhos, história (além do evento que vemos do passado) ou outras partes da sua personalidade são expostos para nós. O que deixa a personagem vazia e fraca.
Isso junto com o fato de o filme também usar o clichê do homem “fisicamente mal”, faz com que a história perca muito o seu sentido, sendo uma crítica muito rasa e básica de um assunto que merecia mais atenção.
Mas apesar desses pontos negativos acredito que ele seja um filme que pode sim gerar alguma discussão ou reflexão. Ele só não está na altura da expectativa que foi criada em cima dele por conta do seu diretor, sendo apenas uma obra ok.
E se não for pela história, a fotografia vale cada centavo e minuto. Com um dos melhores trabalhos de uso de cor que vi recentemente e cenas lindas. Caso queria saber mais sobre esse ponto do filme recomendo o meu post sobre o assunto no Instagram.




