Um Broto Legal | Um conto de fadas do rock nacional

A cinebiografia de Celly Campello tem o grande feito de relembrar a trajetória da primeira cantora de rock nacional e mostrar como ela encantou todo o país. Mas infelizmente acaba caindo na simplicidade do gênero e é facilmente esquecido.

O filme segue o básico das biografias, partindo do ponto onde a vida dos irmão Campello iria mudar, com Tony saindo de Araraquara e indo para a capital, e depois de conseguir um contrato em uma gravadora ele chama a irmã, que, depois de um começo difícil se tornaria hit nacional e a Rainha do Rock.

Um dos grandes acertos do roteiro é mostrar como Celly se tornou amada e ouvida no Brasil inteiro por conta da sua voz e carisma. Toda a caracterização dos irmãos Campello e dos produtores musicais são bons, e é fácil ver a cantora na atuação de Marianna Alexandre.

Outro grande trunfo é o figurino e as locações. É impossível não ser transportado para a década de 50 vendo o filme. Penteados, prédios e até mesmo os estúdios das rádios ao vivo foram recriados de forma excepcional e com muito cuidado, o que passa todo o esplendor e beleza daquela época.

Foto: Divulgação

Porém a forma simples como as dificuldades são superadas e nenhum momento dramático real acabam deixando o filme na lista de cinebiografias esquecíveis.

Tudo na história acontece de forma fácil, e não existe nenhum conflito sobre uma mulher se tornar cantora na década de 50. Se atualmente isso ainda é difícil por inúmeras razões, comprar a ideia que Celly não enfrentou muito machismo, preconceito e teve que abrir mão de várias coisas na sua vida para seguir essa carreira é, no mínimo, ilusório.

É com esse ar de contos de fadas, onde só é preciso boa vontade e pessoas dispostas à ajudar em qualquer problema o longa perde muito do seu potencial. Como não temos nenhuma dificuldade na trajetória de Celly, isso acaba gerando uma falta de envolvimento emocional.

Além disso, as atuações e diálogos teatrais parecem estar mais preocupados em causar um impacto à cada frase do que ser convincente. Depois de alguns minutos esse aspecto não causa mais tanto estranhamento, mas ainda assim prejudica a história que já é bem genérica.

Foto: Divulgação

O filme está longe de ser a pior história biográfica, e mais longe ainda de ser uma obra ruim. Mas com uma personalidade tão importante e que marcou tanto o imaginário nacional, é difícil não desejar que tudo no longa fosse mais.

Celly Campello foi uma mulher a frente do seu tempo e conseguiu um lugar em uma época que toda a indústria era dominada por homens. E abriu portas para várias meninas que se inspiraram em suas músicas. E ela receber uma história tão genérica nas telas acaba tirando muito do brilho que esse filme podia ter.


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