Miss França | A alegria em ser quem queremos

Com muita delicadeza e personagens bem construídos, Miss França é um ótimo acréscimo para as discussões de gênero e sexualidade.

No filme Alex, um homem gay, tem o sonho de se tornar Miss França. Como vemos ele sempre se sentiu mais confortável e confiante usando roupas femininas, e sempre sofreu muito por isso. Ao reencontrar um amigo de infância ele lembra do seu sonho de ser Miss, e decide se candidatar na competição.

Ele tem o apoio da sua família de escolha, uma adição incrível do roteiro. Apesar de nunca ter sido rejeitado pelos pais, pelo contrário, Alex se tornou órfão ainda criança, e para entrar nos moldes da sociedade e poder ter uma vida mais tranquila abandona seu lado que gosta de roupas femininas. Mas com as pessoas que moram com ele agora ele se sente livre e forte o suficiente para realizar seu sonho.

Cada integrante da família tem sua função e ajuda de uma maneira única, mas o maior destaque fica com Lola, uma prostituta travesti, que guia a transformação de Alex, além de trazer muito pontos importantes sobre como a sociedade vê e rebaixa tanto profissionais do sexo como pessoas que fogem da lógica binária que se criou. Além de um ótimo discurso sobre etarismo que ela faz em determinado momento.

Foto:Julien Panié -© 2020 ZAZI FILMS – CHAPKA FILMS – FRANCE 2 CINEMA – MARVELOUS PRODUCTIONS

A escolha de entrar no universo de concursos de beleza também não é por acaso. Com uma longa história de críticas e preconceitos. Mulheres que decidem seguir essa carreira andam com um relógio, e em cada segundo que passa elas podem perder seu valor. Mas a força delas vêm justamente da comunidade que criam para si, o que o filme também mostra muito bem.

O único ponto que parece solto na história é o interesse romântico de Alex. Apesar de ele ter um papel importante para que Alex ganhe a confiança e força necessárias para chegar no final da competição, a questão dos sentimentos românticos não correspondidos parece jogado e no final é uma adição que poderia ter ficado de fora, já que nunca é bem trabalhada.

Esse é o típico exemplo de obra que poderia ser passada em escolas para ter um debate sobre gênero entre os jovens, já que ele traz pontos muito importantes e atuais sem nunca perder a leveza e o senso de humor.


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