Sem dúvidas um dos melhores filmes para mostrar como nada é “só uma piada” se está ofendendo ou propagando o ódio contra determinados grupos de pessoas.
Na história acompanhamos Karim, um escritor que está em ascensão e é adorado por várias pessoas. Mas tudo começa a desabar quando descobrem que ele também é Arthur Rambo, um perfil fake onde ele faz piadas racistas, machistas, homofóbicas entre outros.
Apesar de Karim insistir que Arthur é apenas uma persona na internet que ele criou para “testar os limites da sociedade”, e que nada daquilo deveria ser levado à serio. Vemos sua carreira e relações pessoais desmoronarem aos poucos com essa revelação, afinal, existe mesmo piada apenas pela piada?
E é com esse argumento que o filme constrói sua história, e as camadas que ele consegue colocar, mesmo que sutis são capazes de gerar muitas reflexões e discussões sobre o tema.

Temos primeiramente o óbvio desdobramento do conteúdo das suas “piadas”. Já que mesmo que Karim considere uma brincadeira e algo inofensivo, sempre vai ter alguém que acredita naquilo que lê, e vai se sentir legitimado para perpetuar ainda mais seus preconceitos e violências contra grupos minoritários.
Mas além disso, ao colocar um refugiado e homem árabe como o centro da discussão, o longa também aborda o peso de ser parte de uma minoria e não poder cometer nenhum erro ou deslize. E mesmo que esse questionamento não esteja lá, é impossível não imaginar que a reação seria diferente se fosse outra pessoa ali.
A direção consegue passar muito bem a queda do personagem, com várias cenas longas em que apenas as expressões e sentimentos mudam, e os atores estão ótimos nessas cenas.
E com o uso de inserções do Twitter para demonstrar a mudança rápida das discussões, simulando muito bem como muitos discursos e temas se tornam apenas mais um no meio de tantos que na verdade não aprofundam nada e só buscam o próximo alvo de ataque ou admiração. O filme passa muito bem sua mensagem.




