Klondike: A Guerra na Ucrânia | Quem perde na guerra?

Com um olhar intimista, Klondike consegue mostrar que quando se trata de um conflito é difícil encontrar um lado certo, e quem acaba sofrendo são as pessoas da região, que na maioria das vezes só são pegas pelo fogo cruzado.

Logo no começo vemos a casa de Irka, que está gravida, e Tolik ser bombardeada e perder uma parede. E conforme a história avança, esse fato, que por si só já é extraordinário, acaba se desenrolando de maneiras cada vez mais complexas.

O filme se passa na fronteira entre Rússia e Ucrânia, e acompanha os acontecimentos de 2014, quando um avião da Malaysia Airlines foi abatido enquanto sobrevoava a região. O conflito principal entre os separatistas e os ucranianos vai de encontro com a rotina do casal.

Enquanto Tolik tenta encontrar uma saída da região e equilibrar suas amizades, que querem o confronto, com o cunhado que defende o país, Irka só deseja voltar para a sua rotina e continuar sua vida no mesmo local que sempre viveu.

Divulgação

E é justamente da resistência de Irka que vêm a maior mensagem do filme. Como a própria diretora diz, toda a história é uma grande homenagem às mulheres. E vemos isso em tela já que a protagonista não apenas é a que passa por uma gravidez durante os confrontos, como também parece ser a única disposta a reconhecer o problema para que sua vida continue.

O instinto de sobrevivência de Irka é maior na guerra. E essa mensagem me fez dedicar o filme a elas. Num sentido mais amplo, também quer dizer: Não há soldado ou matador sem mãe. Há sempre uma mulher por trás deles.

Maryna Er Gorbach, diretora e roteirista do filme.

Mas Maryna Er Gorbach também reconhece que para que as coisas possam voltar ao normal é preciso muito esforço. E que mesmo assim elas dificilmente voltam a ser como eram antes. Seu roteiro ainda consegue a proeza de não tornar o conflito algo maniqueísta, dos bons contra os maus. Deixando claro que no final as únicas vítimas reais dessas situações são aqueles que não estão envolvidos nelas.

Junto dessa história inspirada em suas próprias vivências temos uma belíssima fotografia que consegue transmitir todo o vazio que uma guerra causa na vida das pessoas. Mas que mesmo nesse vazio cheio de tristeza e desesperança a vida ainda continua e floresce, independente das coisas que aconteçam ao redor.


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