As relações amorosas e sentimentos românticos nunca foram fáceis ou simples na história da humanidade. Mas com novas ferramentas tecnológicas e normas sociais, muitas vezes a sensação é de um eterno tentar. E Paris, 13º Distrito consegue reproduzir isso de forma brilhante.
A história que acompanha um quarteto amoroso (ou quinteto, se considerarmos uma personagem menor no filme), mostra como as relações de Émilie, que se apaixona por Camille, que está atraído por Nora, cujo caminho se cruza com o de Amber evoluem e e se transformam, mesmo que essa mudança não seja da forma como eles esperavam.
O próprio diretor reconhece que se inspirou no no filme Minha noite com ela de Éric Rohmer. Mas acredito que além desse filme exista uma inspiração geral em todos os contos morais do diretor da Nouvelle Vague, já que eles partem de uma mesma premissa: Um homem apaixonado por uma mulher se encontra com outra, para no final retornar para a primeira.
Mas se no trabalho de Rohmer temos relações que desde o início é possível perceber que estão fadadas ao fracasso. Aqui os personagens e seus dilemas são tão bem construídos que existem momentos em que fica difícil saber qual será o destino deles, ou se vão voltar a se encontrar.
E todos os atores conseguem passar muito bem esse sentimento de insegurança e descobertas de uma nova relação. O maior destaque sendo Noémie Merlant, que com sua personagem Nora, transmite muito bem sua evolução e como seus sentimentos vão mudando conforme sua vida se altera.
Outro grande trunfo do filme é mostrar os dramas e vidas desses personagens fora do âmbito amoroso. Vemos seus sonhos, frustrações e jornadas serem modificadas sem aviso. O que dá ainda mais profundidade não apenas para eles, mas para seus relacionamentos. Já que existe uma diferença entre estar apaixonado na época da universidade e estar apaixonado enquanto buscamos um emprego.
A única personagem que não é muito trabalhada é Amber, já que sua introdução é vista pelo ponto de vista de Nora, ela acaba sendo a que tem uma menor evolução e exposição na história. Mas sua cena de apresentação é uma das melhores do longa, já que demonstra como sua participação vai mexer com toda a dinâmica dos outros três personagens.
Com uma narrativa simples e fotografia em preto e branco, são os detalhes que dão um ar especial e força para o filme. Um retrato sensível e primoroso dos amores da atualidade, Paris, 13º Distrito consegue encapsular e representar muito bem como o Amor é algo incontrolável e complicado.
Sétima Camila 